Mártir misterioso do século III, que se tornou o santo padroeiro universal de todos aqueles que enfrentam perigo..

Barbara fascina as pessoas há dezessete séculos. Esta jovem de Nicomédia atravessou os tempos sob muitos nomes e mil lendas. Sua veneração uniu o Oriente e o Ocidente já no século V. Artilheiros, mineiros e bombeiros ainda a invocam hoje. Entre a história fragmentada e símbolos poderosos, ela personifica a fé que perdura, mesmo diante do fogo. Seu exemplo desafia nossa própria coragem quando a pressão aumenta. O que arriscamos por aquilo em que realmente acreditamos?
Uma identidade forjada na arena.
Decifrar a vida de Bárbara é um desafio histórico. Nenhum documento contemporâneo a menciona diretamente. Os relatos mais antigos datam do século V, trezentos anos após sua presumida morte por volta de 235. Essa distância temporal explica por que lenda e fato estão inextricavelmente entrelaçados.
A história se passa em Nicomédia, capital da Bitínia, uma próspera província romana na Ásia Menor. A cidade estava entre as principais do Império. As perseguições contra cristãos Eles se alastraram em ondas. Sob o imperador Maximino Trácio, as execuções públicas serviam de advertência. O circo tornou-se um teatro da morte.
Eis o que as fontes antigas relatam com cautela. Uma jovem apareceu na arena de Nicomédia. Os espectadores, muitos dos quais cristãos, não sabiam seu nome. O juiz ordenou que ela, pela última vez, queimasse incenso diante da estátua imperial. Ela recusou categoricamente. A execução ocorreu imediatamente.
Após a tortura, os cristãos exigiram o corpo para um enterro digno. O problema: ninguém sabia sua identidade. Simplesmente se referiam a ela como "a jovem bárbara", barbara em latim. Esse termo, então, designava qualquer pessoa estrangeira à cultura greco-romana. O nome próprio Barbara, portanto, originou-se de uma descrição circunstancial.
Essa explicação parece plausível. Outros santos têm nomes que surgiram de circunstâncias semelhantes. René significa "regenerado pelo batismo". Cristão significa "o cristão". Cristóvão se traduz como "portador de Cristo". Esses nomes refletem menos uma identidade civil do que um reconhecimento comunitário.
A tradição situa o martírio de Bárbara por volta de 235, durante o reinado de Maximino Trácio. Essa datação permanece incerta. As perseguições se intensificaram de fato sob Décio (250) e depois sob Diocleciano (303-305). Alguns historiadores consideram este último período como a data mais provável. De qualquer forma, o século III marca o auge do martírio cristão no Império Romano do Oriente.
Por que seu culto se espalhou tão rapidamente? No século V, igrejas e mosteiros já eram dedicados a ela. O Oriente bizantino a venerava amplamente. O Ocidente latino logo seguiu o exemplo. Essa rápida disseminação sugere uma figura proeminente, talvez ligada a um evento dramático durante seu martírio.
Os Atos de Santa Bárbara, escritos entre os séculos V e VII, acrescentam detalhes românticos. Seu pai, Dióscoro, era considerado um rico pagão de Nicomédia. Supostamente, ele teria mandado construir uma torre para preservar a excepcional beleza de sua filha. Bárbara descobre a cristandade. Ela rejeitou todos os pretendentes. Furioso, Dióscoro a denunciou às autoridades. Diante de sua obstinação, ele mesmo a executou por decapitação.
Logo em seguida, um raio atingiu Dióscoro. Ele morreu instantaneamente. Esse detalhe tornou-se central na iconografia e na devoção popular. O raio vingativo transformou Barbe em um protetor contra a morte súbita, particularmente por fogo ou eletricidade.
É provável que esses atos combinem diversas tradições. A torre evoca o isolamento de jovens garotas em certas famílias pagãs ricas. A descoberta da cristandade A natureza secreta dessas conversões reflete a realidade das conversões clandestinas. A raiva do pai reflete as tensões familiares reais que um membro experimentou ao adotar a nova fé.
O detalhe do relâmpago pode ter origem em um evento separado, acrescentado à narrativa original. Ou pode simbolizar a justiça divina imediata. Na Bíblia, o relâmpago frequentemente manifesta o poder de Deus. Ele atinge aqueles que se opõem à Sua vontade. Pense em Sodoma, nos inimigos de Israel, nas forças do mal em o Apocalipse.
Os historiadores distinguem, portanto, dois níveis. Primeiro, um núcleo provável: uma jovem martirizada em Nicomédia, cuja identidade permanece incerta. Segundo, uma elaboração narrativa que enriquece esse núcleo com símbolos e lições espirituais. Essa distinção não diminui o valor do culto. Ela o ancora em uma pedagogia da fé.
Ao longo dos séculos, Barbe tornou-se multifacetada. Sua torre simboliza a vida interior, a contemplação e o recolhimento necessário para o crescimento espiritual. Suas três janelas representam a Santíssima Trindade. O cibório e a hóstia evocam a divindade. a Eucaristia. Os canhões e a pólvora servem como lembrança de seu papel como protetora de profissões perigosas.
Essa polissemia explica seu sucesso duradouro. Cada época, cada profissão encontra nela um modelo relevante. Os místicos medievais viam em sua torre a imagem do claustro. Os soldados modernos reconhecem nela sua exposição ao perigo. Os mineiros leem nela sua descida diária às profundezas.
Barbara pertence, portanto, à categoria de santos cuja memória se baseia mais na recepção do que em uma biografia verificável. Isso não é um problema teológico. A Igreja a honra em seu testemunho radical, lealdade até a morte. Os detalhes históricos importam menos do que o exemplo espiritual transmitido de geração em geração.

Quando o símbolo ilumina a fé
A lenda de Bárbara existe em diversas versões. Todas giram em torno dos mesmos temas: beleza, uma torre, conversão, perseguição familiar e relâmpagos. Vamos explorar como esses elementos constroem um ensinamento espiritual coerente.
A versão mais difundida no Ocidente. Dióscoro, um rico mercador pagão de Nicomédia, tem uma filha de extraordinária beleza. Temendo que pretendentes perturbem sua paz, ele manda construir uma torre isolada onde Bárbara cresce, servida por criados cuidadosamente escolhidos. Somente seu pai tem permissão para visitá-la.
Barbe está entediada. Ela observa o mundo pela janela. As estações passam. Ela reflete sobre o sentido da vida. Um dia, um tutor cristão disfarçado de médico entra na torre. Ele fala com ela sobre Cristo, sobre amor universal, do Reino vindouro. Barbara está atenta a cada palavra dele. Ela pede para ser batizada em segredo.
Durante a ausência de Dióscoro, os operários ampliaram a torre. Dióscoro havia encomendado duas janelas. Bárbara exigiu três. Ao retornar, explicou: três janelas para a Santíssima Trindade, três aberturas para que a luz divina pudesse penetrar plenamente. Dióscoro compreendeu imediatamente. Sua filha havia se convertido ao cristianismo.
A raiva explode. Dióscoro primeiro tenta a persuasão, depois as ameaças e, por fim, a violência. Bárbara permanece firme. Ela declara que agora pertence somente a Cristo. Nenhum casamento terreno a fará desistir. Dióscoro a arrasta perante o governador. Tortura, açoites — nada quebra sua resolução.
Finalmente, o juiz permite que Dióscoro execute a própria filha. Ele a decapita em uma colina próxima. Enquanto a cabeça rola, o céu escurece. Um relâmpago rasga as nuvens. O raio atinge Dióscoro. Quando os soldados se aproximam, resta apenas um monte de cinzas.
Esta versão transmite várias mensagens. A torre representa as barreiras que o mundo ergue contra a verdade. A beleza de Barbe simboliza a alma humana criada à imagem de Deus. O pai tirano personifica os poderes que querem nos manter cativos. A conversão secreta mostra que a graça opera mesmo no isolamento.
As três janelas tornaram-se o principal atributo iconográfico de Barbara. Elas ensinam a doutrina trinitária de forma simples. Três aberturas distintas, uma torre. Três pessoas divinas, um Deus. A luz que entra por essas janelas representa a iluminação interior, a revelação transformadora.
O relâmpago desempenha um papel duplo. Primeiro, manifesta a justiça divina. Deus não deixa impune o assassinato de um inocente. Segundo, estabelece Bárbara como mediadora contra os perigos do fogo celestial. A crença medieval via o relâmpago como um sinal do julgamento divino. Invocar Bárbara era pedir proteção contra uma morte sem preparação espiritual.
Outra versão, mais oriental, conta a história de Bárbara, uma libanesa originária de Baalbek. Seu pai também a aprisionou. Ela conseguiu escapar e se escondeu nos campos de trigo. As espigas de trigo se fecharam milagrosamente ao seu redor. Seus perseguidores passaram sem vê-la. Finalmente capturada, ela sofreu o martírio. Um raio vingaria sua inocência.
Essa variação explica uma tradição libanesa ainda viva. No dia 4 de dezembro, as famílias libanesas preparam kamhiyeh, um prato doce de trigo cozido misturado com frutas secas, especiarias e açúcar. Esse prato comemora o refúgio de Bárbara nos campos de trigo. As crianças se fantasiam e vão de porta em porta pedindo doces, como um Halloween de outono.
O trigo carrega aqui um rico simbolismo bíblico. Jesus compara-se ao grão que morre para dar fruto. O trigo evoca... a Eucaristia, Pão da vida. Os campos onde Barbe se esconde tornam-se uma imagem da Igreja protegendo os perseguidos. O kamhiyeh transforma essa proteção em alimento compartilhado.
As lendas locais completam esse quadro. Durante a construção do Túnel do Canal da Mancha, o dia 4 de dezembro era o único dia de folga do ano. Mineiros franceses e britânicos homenageavam Santa Bárbara juntos. Estátuas adornam as galerias subterrâneas. Capelas dedicadas pontilham os antigos locais de mineração.
Os artilheiros invocam Santa Bárbara antes de cada disparo. Os fabricantes de munições rezam para ela enquanto manuseiam explosivos. Os bombeiros a consideram sua protetora celestial. Essa universalidade das profissões ligadas ao fogo remonta ao século XVI. Os arcabuzeiros florentinos a veneravam já em 1529. Os artilheiros seguiram o exemplo rapidamente.
Por que essa associação? Porque Barbe enfrentou o fogo. O fogo da tortura, o fogo dos raios, o fogo simbólico da provação. Ela saiu vitoriosa. Aqueles que trabalham com fogo a reconhecem como uma aliada. Ela compreende o medo diário deles. Ela intercede para que eles possam escapar da morte súbita que os aguarda.
A dimensão mariana de Barbe merece atenção. Como Casado, Ela disse sim a Deus contra todas as evidências humanas. Casado, Ela se torna uma torre, Turris davidica, um refúgio para pecadores. Como Casado, Ela dá à luz espiritualmente, não pela carne, mas pelo testemunho. As três janelas ecoam o ventre virginal de onde brota a Luz.
Para que fique claro: os historiadores concordam que uma mártir chamada Barbe ou Barbara realmente existiu em Nicomédia. Seu culto antigo e difundido atesta isso. Mas os detalhes biográficos derivam, em grande parte, de embelezamentos hagiográficos. A torre, o raio, o pai assassino são provavelmente acréscimos simbólicos.
Essa distinção importa para o crente? Sim e não. Sim, porque a honestidade intelectual exige que não confundamos uma história edificante com um relato histórico. Não, porque o valor espiritual de uma lenda não depende de sua precisão factual. Ele reside em sua capacidade de transmitir uma verdade mais profunda.
Por meio de sua lenda, Barbe ensina que a fé autêntica resiste às pressões familiares e sociais. Que a solidão pode se tornar um lugar de encontro com Deus. Que os símbolos às vezes falam mais alto que as palavras. Que Deus defende misteriosamente aqueles que confiam nele. Essas verdades transcendem os séculos, independentemente dos debates históricos.

Resistir sob pressão
Barbe começa falando sobre coragem espiritual. Ela se recusa a sacrificar sua consciência para comprar. paz. Seu pai representa todas as forças que querem nos silenciar. Família, sociedade, empregador, às vezes até mesmo a comunidade religiosa: as pressões conformistas são exercidas em todos os lugares.
Resistir não significa necessariamente rebelar-se. Barbe não busca confronto. Ela simplesmente está seguindo seu caminho interior. Mas quando o conflito se torna inevitável, ela não recua. Ela expõe suas convicções com clareza. Essa firmeza silenciosa é mais impressionante do que a agressão militante.
Jesus disse: «Não pensem que vim para trazer paz”. paz na terra; eu não vim para trazer paz, "Mas a espada" (Mt 10,34). A espada separa aqueles que acolhem o Evangelho daqueles que o rejeitam. Bárbara experimenta essa separação em sua própria carne. Ela prefigura todos os discípulos que precisam escolher entre o conforto e a constância.
Sua torre nos ensina, então, o valor do recolhimento. Nossa era supervaloriza a hiperatividade, a conectividade constante e o ruído perpétuo. Barbe nos lembra que nenhuma vida espiritual profunda pode ser construída sem silêncio. A torre se torna um ícone da cela monástica, do recanto de oração e da pausa necessária.
As três janelas acrescentam uma camada de clareza. O recolhimento não é um fechamento autista. Ele abre a pessoa para a luz tríplice: Pai Criador, Filho Redentor e Espírito Santo Santificador. A solidão cristã não isola; ela conecta à Fonte. Ela prepara a pessoa para um retorno ao mundo, enriquecida, centrada e capaz de testemunhar.
O fogo de Barbara simboliza, em última análise, a purificação. O ouro é refinado na fornalha. A fé é testada na adversidade. Pedro escreve: "A genuinidade da vossa fé, que é muito mais valiosa do que o ouro, que perece mesmo refinado pelo fogo, deve resultar em louvor" (1 Pedro 1:7). Barbara atravessa o fogo e emerge radiante.
Hoje, poucos cristãos ocidentais se arriscam ao martírio físico. Mas o martírio moral existe. Perder a reputação por falar a verdade. Recusar uma promoção porque ela exige concessões éticas. Enfrentar o desprezo da família por viver de acordo com os próprios valores. Essas provações forjam o caráter.
Barbe também nos ensina a distinguir a solidão legítima das prisões tóxicas. Algumas formas de solidão curam. Outras nos isolam perigosamente. Como podemos discernir a diferença? A verdadeira solidão, aquela que traz frutos: paz interior, clareza mental e maior amor pelos outros. A falsa solidão gera amargura, julgamento e aridez emocional.
Seu apoio a profissões perigosas contém uma lição universal. Todos nós convivemos com riscos. Acidentes, doenças, fracassos, traições: ninguém escapa da vulnerabilidade. Barbe nos convida a reconhecer essa fragilidade sem nos deixarmos paralisar pela ansiedade. Podemos encarar o perigo com confiança quando sabemos que a morte física não é o fim.
Oração: Pelo fogo, em direção à Luz
Santa Bárbara, luminosa mártir de Nicomédia, vós que escolhestes Cristo apesar da oposição, ensinai-nos a coragem pacífica. Quando a pressão aumenta, quando os nossos entes queridos nos incompreendem, quando o conforto nos tenta a trair as nossas convicções, concedei-nos a vossa serena firmeza. Não buscamos o conflito, mas desejamos a coerência. Ajudai-nos a permanecer firmes.
Tu que habitavas a torre, ensina-nos o valor do silêncio. Nosso mundo ruidoso dispersa nossa atenção. A multidão de exigências fragmenta nosso foco. Corremos sem saber para onde. Traz-nos de volta ao essencial. Que saibamos como nos recolher regularmente à torre interior. Lá, em segredo, o Pai nos vê e nos restaura.
Ó Tu, cuja torre ostentava três janelas, abre os nossos olhos para a Trindade. Confessamos o Pai, Criador, fonte de todo o bem. Adoramos o Filho, Redentor, que nos redime pela sua cruz. Invocamos o Espírito Santificador, que nos transforma dia após dia. Três pessoas, um só Deus. Mistério luminoso que ilumina toda a nossa vida.
Santa Bárbara, protetora contra raios, livra-nos da morte súbita. Não que devamos temer a morte em si, pois Cristo a venceu. Mas preserva-nos de um fim que nos pegaria longe de Deus. Que cada dia nos prepare para o encontro final. Que nossa lâmpada permaneça acesa como a das virgens prudentes. Que vivamos em estado de graça perpétua.
Vós que intercedeis pelos artilheiros, mineiros, bombeiros e todos os que enfrentam o perigo, velai por eles. Protegei suas vidas físicas quando for da vontade de Deus. Fortalecei sua coragem quando tiverem que suportar dificuldades. Que eles cumpram sua missão com competência e dedicação. Que seu serviço ao próximo se torne uma oração silenciosa.
Padroeiro do meu país, da minha região, da minha profissão, olhai para mim com bondade. Vós conheceis as minhas lutas particulares. Vês as minhas vulnerabilidades. Vós sabeis onde o fogo me ameaça. Intercedei para que eu receba a graça necessária para cada provação. Nada mais, nada menos. Apenas o que preciso para seguir em frente.
Virgem Consagrada, que preferiste a Cristo a todos os pretendentes terrenos, reacende em nós o amor do nosso primeiro amor. Nossos corações estão dispersos. Nossos desejos se multiplicam. Buscamos preencher nossos vazios com mil substitutos. Reconduza-nos ao que é verdadeiramente necessário. Que Cristo seja nosso tesouro, nossa alegria, nosso repouso.
Mártir vitorioso, tu que o raio não pôde destruir, concede-nos esperança inabalável. As tempestades da vida nos abalam. Os relâmpagos da adversidade nos assustam. Mas tu nos mostras que depois da tempestade vem a luz. Depois da provação, a coroa. Depois da cruz, a ressurreição. Apoie nossa jornada rumo à Jerusalém celestial.
Por sua intercessão, que nossas famílias encontrem harmonia na fé. Que nossas igrejas sejam fiéis ao Evangelho. Que nossa sociedade redescubra os valores que nos elevam. Que nosso mundo encontre paz Em justiça. Amém.
Viver
Criar uma torre interior
Escolha um lugar e um horário para dez minutos de silêncio diário. Desligue o celular, feche a porta. Três momentos de reflexão: agradeça ao Pai, contemple o Filho no Evangelho, invoque o Espírito. Nada complicado, apenas respire e esteja presente.
Apoiar aqueles em situação de risco
Pense em alguém que exerce uma profissão perigosa: bombeiro, soldado, socorrista, trabalhador em altura. Envie-lhes uma mensagem de agradecimento hoje mesmo. Mencione Santa Bárbara. Sua consideração significa mais do que você imagina.
Analise suas opções de compromisso.
Pergunte a si mesmo honestamente: onde sacrifiquei minhas convicções recentemente para evitar conflitos? Uma conversa evitada, uma injustiça tolerada, uma verdade silenciada? Invoque a força de Barbe para corrigir isso esta semana. Comece pequeno, mas comece.
Monumentos e locais de devoção
O culto a Bárbara surgiu primeiro no Oriente. Nicomédia, atual Izmit, em Turquia, Poucos vestígios materiais restam. Séculos de conquistas sucessivas apagaram antigos santuários. Mas Constantinopla venerava Santa Bárbara já no século V. Uma igreja foi dedicada a ela. As liturgias bizantinas mencionam o seu dia festivo.
O Líbano Barbe proclama seu nome com orgulho. Baalbek preserva um magnífico ícone em sua catedral maronita. A tradição local afirma que ela nasceu lá. Todo dia 4 de dezembro, celebrações familiares e públicas homenageiam sua compatriota. Trigo doce assado é generosamente compartilhado. Trajes típicos criam uma atmosfera festiva.
Este festival libanês combina o sagrado e o secular com naturalidade. Crianças, vestidas com trajes típicos, batem às portas. Cantam canções tradicionais. As famílias oferecem doces e moedas. À noite, refeições comunitárias reúnem vizinhos e amigos. O kamhiyeh é passado de casa em casa. Essa convivência reflete uma fé alegre e vivida intensamente.
A França possui muitos santuários dedicados a Santa Bárbara. Nas regiões mineiras do Norte e da Lorena, capelas e estátuas abundam. Os mineiros desciam às minas com sua medalha. Explosões de gás metano, desabamentos e acidentes fatais pontuavam seu cotidiano. Santa Bárbara representava sua proteção espiritual.
Em Villeloup, na região de Aube, ergue-se uma esplêndida estátua de calcário policromado datada de 1520-1530. Santa Bárbara segura sua torre com três janelas. Seu rosto expressa serenidade. As cores originais, parcialmente preservadas, demonstram o cuidado empregado em sua criação. Esta obra testemunha a devoção popular durante o reinado de Francisco I.
Le Creusot possui um notável vitral na Igreja de Saint-Henri. Ele retrata Santa Bárbara rodeada pelas ferramentas de mineiros e metalúrgicos. Uma estátua tombada da santa pode ser encontrada em Chagny, e outro vitral em Saint-Léger-sur-Dheune. A bacia mineira da Borgonha, portanto, honra sua padroeira. Todo dia 4 de dezembro, missas solenes costumavam reunir centenas de trabalhadores.
Metz a reconhece como a padroeira da cidade. Essa devoção remonta à Idade Média. Diversas igrejas em Metz levam seu nome. As guildas de artesãos a celebravam com grande pompa. Procissões, banquetes e peças teatrais de mistério pontuavam o dia. Essas tradições desapareceram no século XX, mas a memória permanece.
As modernas máquinas tuneladoras perpetuam o culto a Santa Bárbara. A AFTES, Associação Francesa de Obras Subterrâneas, celebra seu dia todos os anos. Durante a construção do Túnel do Canal da Mancha, o dia 4 de dezembro era sagrado. Franceses e britânicos, católicos e protestantes, crentes e agnósticos compartilhavam esse dia de descanso. Santa Bárbara transcendia as divisões.
O exército francês presta solenemente homenagem a Santa Bárbara. Artilheiros, engenheiros de combate, bombeiros de Paris e bombeiros navais de Marselha, todos a veneram. Cada regimento organiza sua própria celebração do Dia de Santa Bárbara: missa, desfile, banquete. Os veteranos transmitem a história aos jovens recrutas. Essa continuidade forja o espírito de corpo.
O Corpo de Bombeiros de Paris, uma unidade militar, celebrou o Dia de Barbe em grande estilo. A missa na Catedral de Notre-Dame (antes do incêndio) reuniu toda a corporação. Seguiu-se a entrega de condecorações, um desfile de veículos e demonstrações técnicas. À noite, um jantar suntuoso foi realizado no quartel. O capelão abençoou tanto os bombeiros quanto seus equipamentos. Barbe protege aqueles que nos protegem.
Na Bretanha, Roscoff celebra Santa Bárbara na terceira segunda-feira de julho. Ela é a padroeira dos "Johnnies", os vendedores de cebola que cruzavam o Canal da Mancha a partir de 1825. Equipados com suas bicicletas e fileiras de cebolas rosadas, eles viajavam por toda a Inglaterra. Santa Bárbara protegia suas viagens marítimas. Hoje, a tradição comercial está em declínio, mas a festa continua.
Relíquias de Santa Bárbara são veneradas em Veneza, na igreja de San Martino, e também em Mântua. Essas transposições medievais difundiram seu culto por toda a Itália. Florença a adotou desde cedo. Os arcabuzeiros florentinos a escolheram como sua padroeira já em 1529. Eles organizavam justas e demonstrações de tiro em sua homenagem.
A iconografia de Santa Bárbara é facilmente reconhecível. A torre de três janelas é seu principal atributo. Ela a segura na mão ou aparece ao fundo. Artistas às vezes adicionam um cibório e uma hóstia, enfatizando seu papel eucarístico. Ou canhões e barris de pólvora, uma referência ao seu patrocínio militar.
Os vitrais medievais frequentemente a retratam ao lado de Catarina de Alexandria e Margarida de Antioquia. Essas três virgens mártires formavam um trio popular. Elas personificavam diferentes facetas da coragem feminina cristã. Juntas, adornavam capelas senhoriais e igrejas paroquiais.
Liturgia
Leitura de hoje
Primeira leitura: 1 Coríntios 1:26-31 (Deus escolhe os fracos para envergonhar os fortes)
Salmo: Salmo 31 (Em ti, Senhor, encontro o meu refúgio)
Evangelho: Mateus 10:34-39 (Não vim para trazer paz mas a espada)
Canto de entrada
«Testemunhas de Deus» ou «Cantaremos para ti, Senhor» – Tema do testemunho radical
Prefácio
Prefácio dos Mártires – «Eles seguiram a Cristo até o ponto de darem a própria vida»
Oração Universal
Para aqueles que estão profissionalmente expostos ao perigo; para as famílias divididas por questões de fé; para a coragem dos cristãos perseguidos.
Hino da comunhão
«Pão de Deus para a nossa terra» – Evocação de a Eucaristia e o grão que morre
Bênção final
Que Santa Bárbara lhe dê força nos momentos de provação., paz em conflitos, e lealdade Vá até o fim. paz de Cristo.


