Juan Diego Cuauhtlatoatzin (1474-1548), índio Chichimec convertido em cristandade, Na Cidade do México, ele recebeu quatro aparições da Virgem Maria. Casado Em dezembro de 1531, ela pediu-lhe que construísse um santuário em Tepeyac. Diante do ceticismo do bispo, Juan Diego trouxe rosas milagrosas em seu manto, estampadas com a imagem de Nossa Senhora de Guadalupe. Este humilde camponês tornou-se o primeiro santo indígena das Américas, canonizado em 2002. Seu testemunho reconciliou a fé católica e a cultura asteca, fazendo de Guadalupe o santuário mariano mais visitado do mundo.
Certa manhã de dezembro de 1531, um camponês indiano caminhava até a missa nas colinas da Cidade do México. A Virgem Casado Ele apareceu para ela e revolucionou a história religiosa das Américas. Juan Diego Cuauhtlatoatzin tornou-se o mensageiro da reconciliação entre dois mundos: a fé cristã e a cultura asteca, fragmentada pela conquista espanhola. Seu manto milagroso, preservado intacto por quase cinco séculos, atrai hoje vinte milhões de peregrinos por ano. Sua memória nos lembra que Deus escolhe os humildes para realizar grandes obras.
Um indiano entre dois mundos
Ele nasceu em 1474 em Cuautlitlán, uma vila perto da atual Cidade do México. Sua família pertencia à tribo Chichimeca, um povo indígena marginalizado dentro do império Asteca. Os Astecas dominavam o centro do México na época, com Tenochtitlán como sua deslumbrante capital. Juan Diego cresceu sob o domínio asteca, testemunhando seus templos piramidais e seus rituais sangrentos. Seu nome, Cuauhtlatoatzin, significa "a águia falante", evocando força e sabedoria em sua cultura.
Em 1519, Hernán Cortés desembarcou na costa mexicana com quinhentos soldados espanhóis. A conquista destruiu o império asteca em dois anos. Tenochtitlán caiu em 1521 após um terrível cerco. Templos foram arrasados, ídolos destruídos e a nobreza dizimada. Os franciscanos chegaram em 1524 para evangelizar esse povo traumatizado. Juan Diego tinha cinquenta anos na época e vivia em um mundo devastado.
Ele ouvia sermões franciscanos com sua esposa, María Lucía. A mensagem cristã ressoava de forma diferente em seu coração ferido. Onde os conquistadores impunham pela espada, os frades ofereciam um Deus de amor. Juan Diego pediu o batismo em 1524. Recebeu seu novo nome, abandonou seus antigos costumes e aprendeu as orações cristãs. Sua sincera conversão marcou uma ruptura radical. Todos os sábados, caminhava quatorze quilômetros até Tlatelolco para a missa e instrução religiosa.
Sua esposa faleceu em 1529. Juan Diego ficou sozinho, vivendo modestamente da agricultura. Morava com seu tio, Juan Bernardino, em Tolpetlac. A viuvez intensificou sua vida de oração. Cada ida à igreja se tornou uma peregrinação interior. Ele passou pela colina de Tepeyac, um antigo local de culto asteca dedicado à deusa Tonantzin. Os espanhóis haviam proibido essas devoções pagãs. A colina permanecia deserta, silenciosa, como se estivesse à espera.
Na manhã de 9 de dezembro de 1531, Juan Diego atravessou Tepeyac para assistir à missa. O amanhecer mal iluminava os cactos e as pedras. De repente, um canto celestial o deteve. Uma luz inundou a encosta. Ele subiu e descobriu uma jovem radiante, vestida como uma princesa asteca, mas falando sua língua náuatle com doçura. Ela se apresentou como a Mãe do verdadeiro Deus, a doadora da vida. Pediu que um templo fosse construído naquele local para demonstrar seu amor e misericórdia.
Juan Diego correu para informar o bispo Juan de Zumárraga, um frade franciscano rigoroso que estava na aldeia havia três anos. O bispo ouviu atentamente o camponês indígena, mas não acreditou nele. Muitas histórias circulavam, muitas superstições persistiam. Com prudência, mandou Juan Diego embora. Naquela mesma noite, Juan Diego retornou a Tepeyac. A Senhora reapareceu, encorajou-o e pediu-lhe que voltasse para ver o bispo no dia seguinte.
No dia 10 de dezembro, ocorreu a segunda visita episcopal. Zumárraga interrogou Juan Diego longamente sobre os detalhes da aparição. Desta vez, exigiu provas concretas, que a Senhora desse um sinal verificável. Juan Diego concordou e prometeu trazer esse sinal. Ao retornar para casa, encontrou seu tio, Juan Bernardino, gravemente enfermo. Permaneceu ao seu lado pelos dois dias seguintes. A febre piorou. No dia 12 de dezembro, antes do amanhecer, Juan Bernardino pediu a um sacerdote que lhe administrasse a extrema-unção.
Juan Diego apressou-se em direção a Tlatelolco. Para ganhar tempo, contornou Tepeyac pelo leste, na esperança de evitar a Senhora. Não queria desapontá-la chegando sem a prova solicitada. Mas ela o interceptou nessa nova rota. Juan Diego explicou a urgência: seu tio estava morrendo. A Senhora sorriu ternamente. "Não estou eu aqui, eu que sou sua Mãe? Você não está sob minha proteção?" Ela o assegurou de que seu tio já estava curado. Pediu a Juan Diego que subisse ao topo de Tepeyac e colhesse as flores que lá cresciam.
Juan Diego sobe a colina, perplexo. É pleno inverno mexicano, a colina é árida e rochosa. No entanto, no topo, ele descobre um jardim de rosas castelhanas em plena floração. Essas rosas espanholas não crescem no México, muito menos em dezembro. Ele colhe um braçado delas. A Senhora as arruma ela mesma em sua tilma, o manto de fibra de agave usado pelos camponeses. Ela ordena que ele não a abra até que o bispo esteja presente.
Juan Diego retorna ao bispado. Os criados o fazem. esperar por Horas na antecâmara. Intrigados, sentiram o perfume das rosas. Finalmente admitido diante de Zumárraga e várias testemunhas, Juan Diego desdobrou sua tilma. Rosas caíram no chão. Mas todos os olhares se voltaram para o tecido: uma imagem da Virgem havia se impresso milagrosamente nele. Zumárraga caiu de joelhos. A imagem retratava uma jovem mestiça, grávida, cercada por símbolos cósmicos astecas e cristãos entrelaçados.
O bispo fez com que a imagem fosse levada em solene procissão até a catedral. Juan Diego então a conduziu até Tolpetlac, onde encontraram Juan Bernardino completamente curado. O tio confirmou que recebera a visita da mesma Senhora que o curara instantaneamente. Ela lhe revelou seu nome: Guadalupe, uma corruptela espanhola do náuatle Coatlaxopeuh ("aquela que esmaga a serpente"). Uma primeira capela temporária foi construída em Tepeyac. A imagem foi ali instalada em 26 de dezembro de 1531.
Juan Diego recebeu permissão episcopal para viver como eremita perto do santuário. Ele passou dezessete anos ali em oração, acolhendo peregrinos e cuidando da capela. Incansavelmente, ele contava sua história aos milhares de visitantes que acorreram ao local. As conversões de indígenas aumentaram drasticamente. Em dez anos, nove milhões de indígenas solicitaram o batismo. O culto a Guadalupe tornou-se o coração do movimento religioso.’evangelização Oceano Pacífico do México.
Juan Diego morreu em 30 de maio de 1548, aos setenta e quatro anos de idade. Foi sepultado perto do santuário onde atuava. Seu túmulo rapidamente se tornou um local de... veneração. Documentos contemporâneos em náuatle, notadamente o Nican Mopohua escrito em 1556 por Antonio Valeriano, preservam seu testemunho direto. Esses textos na língua indígena conferem credibilidade histórica aos eventos.
A imagem que desafia a ciência
A tilma de Juan Diego ainda se encontra na Basílica de Guadalupe, na Cidade do México. Este tecido de agave deveria ter se desintegrado há muito tempo. As fibras de agave normalmente duram no máximo vinte anos. No entanto, quase cinco séculos depois, a imagem permanece intacta, sem qualquer verniz protetor. Este fato intriga os cientistas há décadas.
Em 1666, durante uma limpeza desastrada, ácido nítrico foi derramado no canto superior direito da tilma. O tecido deveria ter se dissolvido imediatamente. Em vez disso, o ácido deixou apenas uma leve marca que foi desaparecendo gradualmente. Hoje, essa mancha quase sumiu. O tecido parece ter se regenerado sozinho, um fenômeno inexplicável. Em 1791, um ourives estava limpando a moldura dourada. Ele acidentalmente derramou solução de corrosão na tilma. Não houve danos permanentes.
Em 14 de novembro de 1921, um anarquista escondeu uma bomba em um buquê de flores colocado aos pés da imagem. A explosão destruiu o crucifixo de metal e estilhaçou os vitrais ao redor. A tilma, protegida apenas por um fino painel de vidro, permaneceu intacta. Os fiéis interpretaram isso como uma proteção direta e milagrosa. Esses eventos alimentaram a lenda da invulnerabilidade da imagem.
A tradição afirma que os olhos da Virgem refletem a cena de 12 de dezembro de 1531. Em 1929, um fotógrafo descobriu uma silhueta na íris direita. Em 1951, um artista confirmou ter visto um homem barbudo refletido em ambos os olhos. Na década de 1980, oftalmologistas analisaram os olhos usando técnicas de ampliação computadorizada. Eles afirmaram ter distinguido até treze figuras: Juan Diego abrindo sua tilma, o bispo ajoelhado e testemunhas espanholas e indígenas.
Essa descoberta é fascinante. Como um artista do século XVI poderia ter pintado reflexos microscópicos invisíveis a olho nu? Os céticos respondem que o imaginário coletivo projeta formas sobre as irregularidades do tecido. O debate entre ciência e fé reacende-se regularmente. Estudos oficiais encomendados pela Igreja permanecem cautelosos. Eles observam anomalias sem determinar sua origem milagrosa.
Em 1936, o químico laureado com o Prêmio Nobel, Richard Kuhn, analisou duas fibras da tilma. Ele concluiu que os pigmentos não tinham origem conhecida: nem vegetal, nem mineral, nem animal. Seu relatório permanece contestado. Análises subsequentes identificaram pigmentos convencionais. A controvérsia científica persiste. Alguns pesquisadores afirmam que a imagem não possui esboços preparatórios, nem pinceladas visíveis. Outros detectam retoques posteriores em certas partes, como os raios dourados e a lua.
O biofísico Philip Callahan estudou a imagem em 1979 usando técnicas de infravermelho. Seu relatório distinguiu entre a imagem original, inexplicável, e as adições posteriores, pintadas convencionalmente. Ele observou que a imagem original não mostrava direção de pincelada e parecia estar incorporada às fibras, em vez de depositada na superfície. Suas descobertas, publicadas em periódicos especializados, reacenderam a hipótese do milagre.
O simbolismo da imagem fascina os teólogos. A Virgem usa uma faixa preta característica das mulheres astecas grávidas. Ela é representada diante do sol, na lua, carregada por um anjo. Esses símbolos representam o Apocalipse 12: «Apareceu no céu um grande sinal: uma mulher vestida de sol, com a lua debaixo dos pés.» Os astecas adoravam o sol e a lua como divindades principais. A imagem mostra a Virgem Maria dominando esses corpos celestes, afirmando a supremacia do Deus cristão.
As quarenta e seis estrelas visíveis no manto azul correspondem exatamente à posição das constelações no céu sobre a Cidade do México em 12 de dezembro de 1531, o solstício de inverno. Essa precisão astronômica é impressionante. Sugere um nível de conhecimento científico impossível para um pintor indiano do século XVI. Os céticos argumentam que essa correspondência permanece aproximada e que adições posteriores alteraram o desenho original.
A flor de quatro pétalas repetida no vestido rosa é o nahui ollin, símbolo asteca do centro do universo e do movimento cósmico. Os astecas acreditavam estar vivendo na quinta era do mundo. Essa flor simboliza que a Virgem Maria traz um novo centro espiritual. Ela não destrói a cultura indígena, mas a completa e a purifica. Essa inculturação simbólica explica a conversão em massa dos povos indígenas.
O rosto da Virgem exibe traços mistos, não sendo puramente europeu nem puramente asteca. Essa síntese visual reconcilia os dois povos em guerra. Os conquistadores e missionários veem nela a Mãe de Deus. Os povos indígenas reconhecem uma mãe compassiva que fala sua língua e respeita seus símbolos. Guadalupe torna-se a ponte entre dois mundos antagônicos. Ela inaugura uma identidade mexicana única, fundada na fusão cultural e religiosa.
As peregrinações a Tepeyac começaram a florescer em 1531. Capelas sucessivas substituíram a primeira ermida. Em 1695, uma imponente basílica colonial foi consagrada, acolhendo milhões de visitantes anualmente. No século XX, o afluxo de peregrinos tornou necessária a construção de uma nova basílica moderna, inaugurada em 1976. O antigo santuário corria o risco de desabar devido ao afundamento do solo. A imagem foi então transferida para o edifício contemporâneo, onde se encontra entronizada acima do altar, visível de todos os ângulos.
Sucessivos papas honraram Nossa Senhora de Guadalupe. Bento XIV proclamou-a padroeira da Nova Espanha em 1754. Pio X declarou-a padroeira da América Latina em 1910. Pio XII, padroeiro das Américas em 1945. João Paulo II visitou o santuário cinco vezes. Beatificou Juan Diego ali em 1990 e, posteriormente, canonizou-o em 2002, durante uma missa assistida por doze milhões de fiéis. François visitada em 2016, destacando a importância de Guadalupe para a’Igreja Universal.
Quando Deus escolhe os humildes
Juan Diego personifica o paradoxo do Evangelho: Deus confia seus planos aos mais humildes. Este camponês viúvo, sem instrução e recém-convertido, torna-se o instrumento de uma revolução espiritual. Ele não possui autoridade social, eloquência ou influência. Contudo, a Virgem o prefere a bispos, teólogos e poderosos. Ela ecoa, assim, a lógica do Magnificat: "Derrubou os poderosos de seus tronos e exaltou os humildes".«
A primeira lição espiritual diz respeito à obediência confiante. Juan Diego duvida de sua missão. Quando o bispo o manda embora, ele poderia desistir. Quando a Senhora o envia ao cume para encontrar rosas impossíveis, ele poderia protestar. Ele simplesmente obedece, sem hesitar. Essa docilidade não é passividade, mas fé ativa. Ele age apesar da incompreensão, do aparente fracasso, do absurdo do pedido. Sua perseverança silenciosa move montanhas de ceticismo.
A segunda lição diz respeito à disponibilidade no momento crucial. Juan Diego estava passando por Tepeyac no dia 9 de dezembro. Ele não estava procurando nada em particular. Deus interveio na banalidade de um trajeto diário. Grandes vocações raramente nascem no extraordinário, mas sim na disponibilidade. lealdade para as pequenas coisas. Juan Diego caminhava em direção à missa, cumprindo seu modesto dever religioso. Essa regularidade o prepara para receber o excepcional.
A terceira lição ensina a prioridade dos laços familiares. No dia 12 de dezembro, Juan Diego evita a Virgem porque seu tio está morrendo. Ele coloca o serviço ao seu ente querido acima de sua missão sobrenatural. A Virgem aprova essa hierarquia. Ela não o repreende, não atrasa o tio dele. Ela cura Juan Bernardino instantaneamente e envia Juan Diego para cumprir ambas as tarefas. O amor a Deus e ao próximo nunca são verdadeiramente opostos. serviço aos pobres e a doença tem prioridade sobre as aparências espetaculares.
A quarta lição revela a importância da incorporação cultural. A Virgem aparece como uma jovem asteca, fala náuatle, usa seus símbolos cósmicos e se autodenomina "Aquela que Esmaga a Serpente" — uma referência tanto ao mito fundador asteca quanto à própria Virgem. Gênesis 3,15. Não pede aos indianos que renunciem à sua cultura, mas que a purifiquem e a realizem em Cristo. Essa pedagogia divina respeita a identidade dos povos, elevando-os ao universal.
O Evangelho de hoje ressoa profundamente: "Eu te louvo, Pai, porque escondeste estas coisas dos sábios e entendidos e as revelaste aos pequeninos". Juan Diego ilustra perfeitamente este versículo. Teólogos espanhóis estão debatendo métodos de«evangelização complexo. Deus escolheu um índio analfabeto para realizar em dez anos o que missões não conseguiram em séculos. A sabedoria divina zomba de nossas estratégias humanas. Ela prefere um coração humilde a mil graus de superioridade.
Essa preferência divina desafia nossa época, obcecada por habilidades e desempenho. Valorizamos expertise, visibilidade e eficiência mensurável. Juan Diego nos lembra que Deus busca, antes de tudo, a docilidade do coração. Ele pode realizar mais com uma pessoa humilde e disposta do que com um gênio orgulhoso. Essa verdade perturba nossa meritocracia moderna, mas liberta aqueles que se consideram inúteis.
A mensagem de Guadalupe transcende o catolicismo mexicano. Ela se dirige a todos os colonizados, dominados e desprezados da história. A Virgem não se dirige aos conquistadores espanhóis, mas aos astecas vencidos. Ela vem consolar aqueles que a história esmagou. Ela afirma a dignidade deles quando o mundo os reduz à escravidão. Ela adota a língua, as feições e os símbolos deles. Essa escolha preferencial por os pobres Antecipa a teologia da libertação em cinco séculos.
Para os católicos contemporâneos, Juan Diego propõe um modelo de santidade Acessível. Sem martírio espetacular, sem milagres taumatúrgicos, sem doutorado em teologia. Apenas um camponês que reza regularmente, serve com humildade e simplesmente obedece. Ele vive sua fé no cotidiano, vai à missa todos os sábados, cuida do tio doente e recebe visitantes há dezessete anos. santidade A vida cotidiana está ao alcance de todos.
A ti, Mãe dos humildes
Virgem Casado, Você escolheu Juan Diego dentre as criancinhas deste mundo para revelar sua ternura maternal. Você não olhou para ele. pobreza, Sua falta de educação, suas origens humildes. Você viu seu coração aberto e dócil. Ensina-nos a reconhecer que Deus prefere o’humildade À glória humana, da simplicidade à eloquência erudita, lealdade oculto de obras espetaculares.
Mãe de Guadalupe, vós vos aproximastes dos povos feridos pela história. Falastes a língua dos vencidos, carregastes seus símbolos e compartilhastes suas feições. Restaurastes sua dignidade quando o mundo os esmagou. Concedei-nos esse mesmo olhar compassivo a todos aqueles que nossa sociedade marginaliza. migrantes, Os pobres, os excluídos, os esquecidos. Que nós, como você, saibamos nos aproximar deles sem condescendência ou paternalismo.
Nossa Senhora, que esmagaste a serpente, cumpriste a promessa feita a Eva no Jardim do Éden. Tu és a nova Eva, aquela que expiou o primeiro ato de desobediência com seu "sim" total a Deus. Ajuda-nos a combater o mal que se insinua em nossas vidas: o orgulho que nos aprisiona, o egoísmo que nos isola, o medo que nos paralisa. Fortalece nossa vontade de escolher o bem diariamente, com humildade e perseverança.
Vós que carregais Cristo em vosso ventre à imagem milagrosa, lembrai-nos que cada pessoa batizada carrega Jesus dentro de si. Somos o templo vivo da Trindade. Despertai em nós a consciência de sermos portadores de Deus. Que esta extraordinária dignidade transforme a nossa visão de nós mesmos e dos outros. Que possamos tratar cada pessoa como o santuário sagrado que ela é, independentemente da sua posição social.
Mãe que curaste Juan Bernardino à distância, tu nos mostras que nada é impossível para Deus. Nossos doentes, nossos sofrimentos, nossos becos sem saída humanos jamais te desanimam. Intercede por todos aqueles que hoje morrem sem consolo, que se desesperam sem esperança, que sofrem sem alívio. Lembra a todos as tuas palavras a Juan Diego: «Não estou eu aqui, eu que sou tua Mãe? Não estás sob a minha proteção?»
Senhora do manto indestrutível, vossa imagem atravessa os séculos incorrupta. Ela testemunha que a obra de Deus resiste ao tempo e à destruição. Protegei a Igreja, fortalecei as vocações e revitalizai as comunidades desanimadas. Que vossa presença maternal sustente todos aqueles que servem fielmente na obscuridade, sem reconhecimento ou resultados visíveis. Sua fidelidade oculta produz frutos eternos.
Rainha das Américas, tu reconciliaste povos em guerra com tua presença pacificadora. Ainda hoje, tantas divisões dilaceram nossas famílias, nossas igrejas, nossas nações. Sê a arquiteta da reconciliação entre aqueles que a história, a política ou a religião colocaram uns contra os outros. Ensina-nos a construir pontes em vez de muros, a buscar o que une em vez do que divide.
Mãe, que pedes um santuário em Tepeyac, desejas um lugar para derramar tuas graças sobre todos os que te invocam. Faze de nossos corações santuários vivos onde habitas permanentemente. Que nossas vidas diárias se tornem este templo onde distribues misericórdia, consolo, força e esperança. Que cada um de nossos atos de amor seja mais uma pedra no edifício espiritual que estás construindo.
Concedei-nos a graça de Juan Diego: aquela perseverança serena na missão recebida, aquela confiança inabalável apesar dos obstáculos, que humildade Aquele que não busca glória nem reconhecimento. Que possamos servir até o fim com a mesma fidelidade que ele demonstrou por dezessete anos junto à tua imagem. Amém.
Viver
- Ler Lucas 1,46-55, o Magnificat de Casado, E anote uma frase que faça sentido para você hoje como um chamado à ação.’humildade ou confiar.
- Identifique uma pessoa marginalizada em seu círculo social e dê um passo concreto em reconhecimento: cumprimente-a calorosamente, ouça atentamente, ofereça um serviço simples.
- Reze por dez minutos diante de uma imagem mariana, confidenciando uma situação em que você se sente pequeno, impotente ou incompreendido, enquanto sussurra as palavras de Casado Para Juan Diego: "Não estou eu aqui, eu que sou sua Mãe?"«
Tepeyac, colina de todas as graças
A Basílica de Nossa Senhora de Guadalupe fica aos pés do Cerro Tepeyac, na zona norte da Cidade do México. O complexo religioso compreende a antiga basílica colonial, construída em 1695 e atualmente fechada para culto devido a um afundamento do solo, e a basílica moderna, mais recente, construída em 1976 e projetada pelo arquiteto Pedro Ramírez Vázquez. Esta última tem capacidade para dez mil fiéis. Sua planta circular permite que todos os peregrinos vejam a imagem milagrosa exposta atrás do altar principal, sob um dossel de vidro.
A tilma de Juan Diego tem 1,70 metros de altura. É feita de duas peças de tecido de agave costuradas verticalmente. A imagem em si mede 1,43 metros por 1,05 metros. Uma esteira rolante passa em frente à imagem para controlar o fluxo constante de visitantes que vêm vê-la. Vinte milhões de peregrinos visitam o santuário a cada ano, tornando Guadalupe o segundo local de peregrinação católica mais visitado do mundo, depois de... Vaticano.
O Morro Tepeyac domina o santuário. Uma monumental Via Sacra sobe suas encostas. No topo, uma capela moderna marca o local exato das aparições. Peregrinos frequentemente sobem de joelhos em devoção. A vista abrange a imensidão da Cidade do México, uma megalópole de vinte e dois milhões de habitantes. Esse contraste marcante entre o sítio rural original e a urbanização desenfreada serve como um lembrete de que a fé transcende as transformações históricas.
Diversos santuários secundários pontilham a esplanada. A Capela do Pocito (Pequeno Poço) abriga uma nascente que, desde o século XVII, é considerada milagrosa. Os fiéis vêm até lá para coletar água benta. A Capela dos Índios, construída em 1649, foi o primeiro local de culto permanente após a ermida original. Ela preserva notáveis elementos do barroco mexicano. O Museu da Basílica exibe seiscentos anos de arte religiosa mexicana e oferendas votivas feitas em gratidão pelas bênçãos recebidas.
As relíquias de Juan Diego repousam sob o altar da antiga basílica, embora sua localização exata seja debatida. A casa onde ele morava com seu tio em Tolpetlac foi transformada em capela. O local da cura milagrosa de Juan Bernardino também está marcado. Esses locais secundários permitem reconstruir geograficamente os eventos de dezembro de 1531.
A Festa de Nossa Senhora de Guadalupe, em 12 de dezembro, atrai multidões imensas. Milhões de peregrinos convergem para Tepeyac durante a semana que a antecede. Muitos caminham por vários dias desde províncias distantes. Grupos de dançarinos tradicionais em trajes astecas homenageiam a Virgem em frente à basílica. Mariachis tocam hinos marianos a noite toda. A atmosfera mescla fervor religioso com a celebração popular mexicana.
Lá canonização A devoção foi reforçada por Juan Diego em 2002. João Paulo II Celebrou missa diante de doze milhões de fiéis no Parque Azteca. Ele enfatizou que Juan Diego "facilitou o encontro frutífero de dois mundos" e "contribuiu poderosamente para o«evangelização »Este reconhecimento oficial validou o veneração Lealdade mexicana secular para com seus compatriotas.
A iconografia de Guadalupe é onipresente no México. A imagem adorna táxis, restaurantes e paredes de casas. Aparece em medalhas, escapulários e tatuagens. Essa popularidade atesta uma profunda apropriação do símbolo. Guadalupe personifica a identidade mexicana tanto quanto a fé católica. Ela transcende classes sociais e orientações políticas. Ateus e crentes a reconhecem como parte do patrimônio nacional.
As aparições de Nossa Senhora de Guadalupe inspiraram inúmeras obras de arte. Pintores da época colonial produziram diversas cópias da imagem original. Miguel Cabrera (1695-1768), o maior pintor barroco mexicano, criou várias versões famosas. No século XX, Diego Rivera, apesar de ser ateu, retratou Juan Diego em seus murais como um símbolo da resistência indígena. Frida Kahlo reinterpretou a iconografia de Guadalupe em várias pinturas.
A devoção se espalhou por toda a América Latina. Santuários locais dedicados a Guadalupe existem na Argentina, Colômbia, Porto Rico e Peru. Nos Estados Unidos, a comunidade hispânica construiu dezenas de paróquias e capelas em homenagem a Guadalupe. O culto acompanha as migrações mexicanas e mantém a identidade cultural dos expatriados. As celebrações de 12 de dezembro reúnem comunidades hispânicas de Los Angeles a Nova York.
Liturgia
Leituras bíblicas: Zacarias 2:14-17 fala da presença de Deus habitando em Jerusalém. Lucas 1,Os versículos 26 a 38 narram a Anunciação. Casado. Esses textos são paralelos ao surgimento de Juan Diego como uma nova anunciação para as Américas.
Salmo Responsorial: Judite 13 celebra a mulher bendita acima de todas as outras, um eco direto da saudação angelical usada para Casado e invocada diante da imagem de Guadalupe.
Prefácio (próprio): Famoso Casado Mãe das Américas, nova Eva, Estrela da’evangelização, que escolheram Juan Diego como mensageiro da reconciliação.
Oração: Solicita-se que se siga o exemplo de docilidade e’humildade Por Juan Diego, para acolher os chamados de Deus na simplicidade da vida diária.
Música sugerida: «"La Guadalupana", um hino marial tradicional mexicano, ou "Magnificat" em suas versões latinas ou vernáculas, enfatizando a escolha divina dos humildes.
Cor litúrgica: O branco, próprio das festas marianas, simboliza a alegria e a pureza da Mãe de Deus aparecendo às crianças do seu povo.


